Contador não faz milagre
sem ajuda dos clientes
Pesquisa mostra que mais de 80% das
declarações de IR feitas por escritórios contábeis precisam ser retificadas. A
falta de documentos enviados pelos contribuintes é o principal problema.
Muitos contribuintes recorrem aos
escritórios de contabilidade para não correrem o risco de cair na malha fina
nesse período de declaração de Imposto de Renda. Entretanto, se a documentação
encaminhada aos contadores não estiverem corretas,
dificilmente escaparão de represálias do fisco.
E o que uma pesquisa da multinacional
Wolters Kluwer Prosoft revelou é que a qualidade das informações enviadas pelos
contribuintes aos seus contadores não é boa. Como consequência, dos 2,1 mil
escritórios de contabilidade ouvidos em todo o País no levantamento, 81,1%
deles precisam fazer algum tipo de retificação nas declarações dos seus
clientes.
Para Danilo Lollio, especialista em IR da
empresa holandesa, o dado serve de alerta: "As pessoas pagam para que a
declaração seja feita, mas as empresas precisam ter os dados corretos. O
contador fica dependente das informações enviadas pelo cliente", diz.
Do ponto de vista da Receita Federal,
destaca Lollio, a responsabilidade pelo documento é sempre do contribuinte,
mesmo que ele tenha sido elaborado por um profissional.
Logo, a orientação é organizar e
separar os documentos necessários ao longo do ano, para que não haja omissão de
nenhum dado relativo ao patrimônio ou à movimentação financeira.
"Os contribuintes geralmente só
se preocupam se terão imposto a pagar ou a restituir. Só que o Fisco não olha
apenas isso", diz Lollio.Segundo ele, também há preocupação com a variação
patrimonial, ou seja, se a pessoa teve recursos suficientes para adquirir os
bens e direitos que estão discriminados no IR.
FALTA DE DOCUMENTOS
Entre os principais motivos que levam
as empresas a fazer retificações após o envio do IR está a falta de
documentação (52,6%), seguida por problemas em deduções de despesas médicas
(36,6%), omissão de aquisições e vendas de bens (10%) e inconsistências entre
gastos realizados e ganhos declarados (8,9%).
Em 2015, mais de 600 mil
contribuintes caíram na malha fina devido, principalmente, à omissão de
rendimentos do titular ou do dependente.
A pesquisa da Wolters Kluwer Prosoft
também revela que a maioria dos escritórios contabilistas (52,7%) processa
acima de 100 declarações de IR anualmente, sendo que quase um terço deles conta
com apenas um funcionário para elaborar os documentos.
"A grande maioria são pequenos
escritórios, em que o próprio dono se dedica a esse tipo de serviço",
destaca Lollio.
Para não ser pego de surpresa pela
malha fina, o contribuinte deve checar periodicamente se a declaração foi
processada sem problemas ou se há pendências.
Para isso, é necessário acessar o
centro virtual do Fisco, chamado e-CAC. Lá, é possível consultar um extrato
online, que mostra eventuais erros ou omissões.
O primeiro passo é gerar um código de
acesso ou usar o certificado digital. Na própria página do e-CAC há um ícone
explicativo: "saiba como gerar o código".
RETIFICADORA
Se forem detectados erros, a solução
é simples: entregar a retificadora. Trata-se de uma segunda declaração, que
substituirá por completo a original. As alterações podem ser feitas a qualquer
momento, em até cinco anos, desde que o documento não esteja sob fiscalização.
Caso haja imposto a restituir, o
Fisco passará a considerar a data da retificadora, e não mais a da original, na
hora de priorizar o pagamento.
Já se a declaração está correta e o
contribuinte tem toda a documentação que comprove as informações, o caminho é
solicitar a antecipação da análise. Para isso, é necessário esperar até janeiro
de 2017, quando será possível agendar a visita a uma unidade da Receita
Federal. Esse agendamento também deve ser realizado pelo e-CAC.
Fonte: Contadores.CNT-br