Dilma segue
estratégia de reforma fatiada
Para governo, mudança no PIS-Cofins é fundamental para acabar com
distorções
Sem
alarde, a presidente Dilma Rousseff começou a fazer o que chama de reforma
tributária "de resultados". A mudança no PIS-Cofins é considerada
fundamental pelo Palácio do Planalto para acabar com as distorções do modelo
tributário. Com esse diagnóstico, Dilma está disposta a usar a mesma estratégia
adotada no início do mês, quando anunciou alterações na poupança, para angariar
apoio às novas medidas.
Integrantes
do governo já estão conversando com empresários, governadores, prefeitos e
sindicalistas sobre o assunto, na tentativa de aparar arestas e diminuir
resistências à proposta. A presidente sabe que não conseguirá emplacar uma
reforma tributária de maior fôlego tão cedo e, por isso, resolveu apelar para
ações específicas em algumas áreas.
Na
avaliação de Dilma, a estrutura de impostos no Brasil figura na lista dos três
principais entraves ao crescimento do País, ao lado das taxas de juros e do
câmbio. "Eu acho que, de fato, existe uma tributação inadequada no
Brasil", disse a presidente a uma plateia formada por prefeitos que
participaram da Marcha em Defesa dos Municípios, no último dia 15. "Nós
tributamos insumos fundamentais, por exemplo, para o desenvolvimento do País.
Eu não conheço muitos países que tributam energia elétrica. Nós
tributamos".
Agenda.
Depois das mudanças na poupança - aprovadas pela população, de acordo com
pesquisas que chegaram ao Planalto -, Dilma vai investir cada vez mais no
calendário de reformas, mesmo que fatiadas. O tema é classificado pela equipe
econômica como "agenda positiva".
Em menos
de três meses o governo já conseguiu sinal verde do Congresso para o Fundo de
Previdência Complementar do Servidor (Funpresp) e para a Resolução 72, que
acabou com incentivos dados pelos Estados nas importações e disparou o processo
de reforma do ICMS. Além disso, Dilma editou a Medida Provisória que mudou as
regras da poupança.
Agora,
enquanto alinhava o novo PIS-Cofins, que terá até o nome alterado, o governo também
trabalha para aprovar no Congresso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
que trata da cobrança do ICMS nas vendas pela internet. O projeto já passou
pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Em todas
as conversas sobre o sistema de impostos e a carga tributária, Dilma diz que
não adianta esperar para fazer uma "reforma dos sonhos" sem atacar
problemas localizados. Para Dilma, o atual modelo concentra os investimentos em
poucas regiões e precisa ser modificado. A presidente avalia, porém, que a
guerra dos portos é um "mal maior" a ser combatido.
Fonte: VERA ROSA, ADRIANA FERNANDES /
BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
28 de
maio de 2012 | 3h 08
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