Substituição tributária é igual a mais impostos
Nas operações através do tradicional ICMS, utilizado há mais de meio
século, os impostos são pagos pelo lucro real obtido em cada operação, o que é
mais justo e correto.
Claudio Froes Peña
O governo justificou a criação do sistema de substituição tributária de
duas maneiras: facilitar a cobrança básica do ICMS e reduzir a sonegação. O
argumento era de que a indústria pagaria o imposto total na origem deixando o
comércio livre. No entanto, está havendo um cruel aumento de impostos e a
substituição tributária é um novo imposto que desestimula o comércio e estimula
a sonegação. O pagamento efetuado na origem obriga uma antecipação de impostos
que pode alcançar 60 a 90 dias, em média, em função do tempo que as mercadorias
permanecem em estoque no varejo. Bem diferente do ICMS cujo imposto é pago após
a venda dos produtos. Isto resulta em um custo extra para o comércio, em
virtude do preço do dinheiro. Pelo novo sistema, o
imposto é calculado pelas Margens de Valor Agregado (MVA), definidos pelo
governo, normalmente acima da realidade, provocando aumento de impostos.
Nas operações através do tradicional ICMS, utilizado há mais de meio
século, os impostos são pagos pelo lucro real obtido em cada operação, o que é
mais justo e correto. Com o sistema da substituição tributária, as empresas
ficam amarradas ao MVA. Em São Paulo, por
exemplo, a Secretaria da Fazenda alterou recentemente o MVA do setor de
autopeças de 40% para 79,61%, elevando os preços na cadeia
produtiva, o que reduziu as vendas. Sabemos, também, que esta prática afeta diretamente as micros e pequenas
empresas, que perdem o poder de competitividade. Também aqui pode
acontecer, a qualquer momento, este aumento. Os deputados gaúchos permitiram
esta prática, ao aprovarem, no dia 10 passado, o projeto de lei 128/12
encaminhado pelo Executivo. E tem mais: o mesmo PL também ampliou o poder do
governo estadual em alterar as alíquotas. O mais surpreendente, no entanto, é
que ninguém conseguiu reverter esse quadro, embora as federações tenham
tentado.
Fonte: Jornal do Comércio
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