Contador: como
novas possibilidades de negócios estão mudando essa profissão para melhor
A tecnologia muda o papel de diversas
profissões. Esse é um movimento que teve início na 1ª Revolução Industrial, mas
continua até hoje. Entretanto, diferente daquela época, nas últimas duas
décadas o uso de computadores e da internet tem permitido que a maioria das
carreiras simplesmente se adaptem e cresçam, e não mais deixem de existir.
É o caso da profissão do contador.
Sem dúvida, ela mudou muito nos últimos anos. Há inclusive quem diga que ela
irá morrer. Uma pesquisa da Ernest Young apontou isso recentemente. De acordo
com ela, até 2025 esse profissional já não existirá mais.
Em parte, eles não estão enganados. O
contador clássico realmente já está morrendo, mas a essa classe foi dada a
oportunidade de mudar - e ao longo dos anos muitos vêm fazendo isso.
Antigamente, o contador era apenas um “guarda livros”, uma pessoa dedicada a
calcular manualmente diversos processos, e estar sempre ciente da condição
financeira da empresa, mas sem voz administrativa. Essa profissão sem dúvida
sumirá.
Ser guarda livros é algo que fazia
sentido no século XIX, assim como na época era importante falar e escrever bem
para ser contador. As mudanças vieram com o tempo. A introdução do computador
mudou muito as coisas a partir dos anos 1990, principalmente com o uso de
sistemas e de planilhas eletrônicas.
Hoje, o Excel foi deixado de lado e o
uso de softwares ERPs é algo quase que obrigatório para a sobrevivência de uma
empresa. Entretanto, apesar do aspecto tecnológico, o que mais mudou foi
justamente e o mindset do contador.
Dos anos 1990 para os 2000, o foco da
contabilidade, que era cumprir obrigações tributárias para com órgãos públicos,
mudou completamente. O olhar passou a ser direcionado para o cliente.
De acordo com o CFC - Conselho
Federal de Contabilidade, em 1996, apenas 1,98% dos contadores estavam
interessados em contribuir para o crescimento dos seus clientes. Hoje, esse
número tende aos 100%.
Isso porque houve um questionamento
no mercado, e até na academia, sobre a carreira na área. O mercado passou a
buscar um perfil proativo, multidisciplinar e com foco em consultoria e
resolução de conflitos.
Com isso, até o salário dos contadores
tem aumentado. De acordo com a previsão do Guia Salarial da Robert Half, os
maiores aumentos salariais em 2016 foram dos analistas da área, cerca de 11%.
As oportunidades de crescimento são inúmeras, e o contador facilmente consegue
se tornar um gestor apto à tomada de decisão.
Ele passou a usufruir de forma
estratégica de toda a informação que já gerenciava, pois o trabalho diário
desses dados e processos ficou toda delegada à tecnologia. Atualmente, o
contador usa seu bem mais valioso: seu conhecimento do panorama contábil.
Vemos cada vez mais o contador
assumir uma posição entre as profissões ditas “humanas”, que não podem ser
substituídas pela tecnologia. A automação de processos exaltou o potencial de
gestão da profissão. O uso arcaico da contabilidade deu espaço à administração
da empresa, e essa cada vez mais dá espaço ao empreendedorismo.
A contabilidade é a linguagem dos
negócios, e era apenas uma questão de tempo até que se abraçassem de vez as
rédeas da gestão. O sucesso está ligado a apenas uma boa tomada de decisão, e a
análise de dados que permite isso é justamente o que os contadores vêm fazendo
há anos.
O diálogo direto com o cliente tem
transformado o contador em empreendedor potencial, e mesmo que ainda seja
necessário manter um profissional com essas habilidades interdisciplinares à
disposição, não será mais apenas nas empresas que contadores terão oportunidade
de crescimento.
Essa profissão não irá morrer. Ela é
humana demais para ser devorada. A tecnologia irá transformá-la, acabando com todos
os trabalhos manuais e repetitivos, mas a ação proativa de seus profissionais
irá expandi-la. Novas oportunidades de negócios estão se abrindo à frente.
Basta estar preparado para elas.
*Marcelo Lombardo é CEO da
Omiexperience.
Fonte: Fenacon
Nenhum comentário:
Postar um comentário