Receita e Fazenda Nacional
vão monitorar bens de empresas (Valor Econômico)
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27 de dezembro de 2016
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Notícias
A dilapidação de patrimônio por
empresas que questionam administrativamente autuações recebidas pela Receita
Federal está na mira da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e da
Receita Federal. A situação econômica das companhias será acompanhada por
grupos de atuação especial no combate à fraude à cobrança administrativa e à
execução fiscal (Gaefis) que têm integrantes dos dois órgãos e estão sendo
estruturados desde outubro. O trabalho começará no próximo ano.
A proposta dos órgãos é evitar o
esvaziamento de patrimônio das companhias desde a autuação até o momento da
discussão judicial. A PGFN calcula que durante o processo administrativo, 60%
dos contribuintes reduzem os bens que possuem para fugir das dívidas.
O que a Procuradoria da Fazenda
observa é que, no momento da autuação, a empresa tem capacidade de pagamento.
Mas finalizado o processo e a cobrança mantida, com o débito inscrito em dívida
ativa, a empresa não tem mais bens. “As companhias se aproveitam de um
procedimento, muitas vezes moroso, para dissolver patrimônio e não pagar”,
afirma a procuradora Anelize Lenzi Ruas de Almeida, diretora do Departamento de
Gestão da Dívida Ativa da União. O processo no Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf), por exemplo, demora de três a cinco anos – mas há
casos de dez anos ou mais.
No trabalho preventivo à fraude, o
Gaefis adotará medidas judiciais – como as chamadas cautelares para bloquear
patrimônio – enquanto a empresa discute uma autuação no Carf, por exemplo. Tal
prática é pouco utilizada atualmente, segundo a procuradora da Fazenda.
A ideia é monitorar os casos em que,
entre a autuação e a inscrição em dívida ativa, houver requisitos para proposta
de medida cautelar fiscal. Para verificar esses requisitos, a PGFN contará com
o cruzamento de dados da Receita. “Hoje em dia não é comum entrar com ação
judicial para evitar a dilapidação de patrimônio”, afirma Anelize. Normalmente,
medidas cautelares são propostas quando o débito já está inscrito na dívida
ativa, como uma preparação para a ação de cobrança, na execução fiscal.
Atualmente, a Receita fiscaliza,
lavra autos milionários sem que a PGFN seja informada. Há a possibilidade, por
exemplo, de a procuradoria e a Receita investigarem um mesmo grupo econômico
sem se comunicarem.
Por isso, a troca de informações é
essencial. A Receita possui os dados fiscais do contribuinte, a movimentação
financeira e a capacidade de pagamento. Já a PGFN acompanha a jurisprudência ou
a linha adotada pelos tribunais nas diversas teses jurídicas. A ideia é que
auditores da Receita e os procuradores da Fazenda trabalhem juntos desde a
formação do auto de infração à defesa judicial, com a apresentação de
subsídios, dados de investigação e atividades de inteligência para localizar
bens, por exemplo.
O estoque da dívida ativa da União
soma R$ 1,8 trilhão, incluída uma parte previdenciária e outra referente ao
FGTS. A procuradoria, também em conjunto com a Receita Federal e o Tesouro,
está classificando esse estoque, com base na possibilidade de recuperação dos
débitos – que vai do AAA até o D.
Nos primeiros grupos há potencial
alto de recuperação e a PGFN já identificou algumas empresas. A procuradoria
calcula que, pelo menos R$ 300 bilhões têm alto potencial a ser resgatado. Os
grandes devedores, aqueles com débitos superiores a R$ 15 milhões, também são
alvo. “Queremos ver a capacidade de pagamento e focar em quem vai pagar”,
afirma a procuradora.
A Portaria nº1.525, publicada em
outubro, estabeleceu 90 dias para a formação dos grupos de trabalho. Apesar da
articulação ter começado, o trabalho foi em parte prejudicado pelo movimento de
paralisação dos auditores da Receita, que a PGFN também passou em 2015. “A
expectativa é começar em 2017 com força total” afirma procuradora Anelize Lenzi
Ruas de Almeida.
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