quinta-feira, 5 de julho de 2012


Indústria teme o fim do corte do imposto

Os segmentos da indústria beneficiados pelas isenções esperam que os incentivos do governo sejam prorrogados para evitar resultados negativos no resto do ano.

Ao menos, por enquanto, os setores industriais beneficiados dizem ter conseguido resultados melhores do que o previsto, na contramão da queda da indústria. Em maio, a indústria recuou 4,3%, a nona queda seguida, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Com IPI mais baixo para automóveis, de maio até o fim de agosto, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), por exemplo, contabilizou aumento nas vendas diárias - de 13 mil, em maio, para 16 mil em junho. Para ano, por causa do crescimento econômico menor, a entidade espera queda de 1,47% em todo o setor.

"Se não fosse pela redução do IPI, estaríamos com uma tendência negativa mais forte", diz o presidente da entidade, Flávio Meneghetti. "Eu acredito que o governo vai ter a sensibilidade de analisar os números. O governo vai ser sensível se o mercado justificar (o imposto mais baixo)", afirma.

O setor de linha branca também contabiliza alta nas vendas. Segundo o presidente da Eletros - entidade que reúne os fabricantes do setor -, Lourival Kiçula, no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2011, as vendas de refrigeradores cresceram 12%; a comercialização de lavadoras avançou 10% e a de fogões 13%. O setor teve o IPI reduzido em 1° de dezembro e, no fim do mês passado, o governo decidiu prorrogar a redução até o fim de agosto.

"A nossa expectativa é que essa redução do IPI seja perenizado", disse Kiçula. "Claro que estamos satisfeitos com essa redução. A nossa expectativa para o ano é de uma manutenção do crescimento entre 10% e 15%, o que é bastante interessante."

Para efeito de comparação, no fim de 2008, no auge da crise financeira nos Estados Unidos, o governo também decidiu diminuir o IPI para linha branca como forma de incentivar a economia. No ano seguinte, as vendas de refrigeradores tiveram crescimento de 23%, as lavadoras automáticas de 35% e os fogões 7%.

Recuperação. Na avaliação do professor Emerson Marçal, da Fundação Getúlio Vargas, a recuperação da indústria só deve ocorrer no fim do segundo semestre ou início de 2013. "Esse ano não tem muito o que esperar. Nada vai conseguir criar um alívio imediato" diz.

Segundo o professor da FGV, a indústria está demorando para reagir e surpreendendo negativamente. Para Marçal, a indústria pode não crescer ou ter um desempenho negativo. "Não tem um sinal de que a indústria reagiu. O setor ainda não parou de cair, isso o que está preocupando", afirmou.

Para Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, as medidas anunciadas pelo governo não serão suficientes para reverter o desempenho da indústria. "Essas medidas não alteram a questão da competitividade. E é isso que está pegando agora no Brasil", diz Bacciotti.

O economista acredita que a indústria também tem sido prejudicada pela crise internacional. "A crise internacional tem limitado o crescimento da demanda externa", afirma.

Luiz Guilherme Gerbelli

Fonte: Estadão - Economia

Associação Paulista de Estudos Tributários, 5/7/2012  12:15:04  

Nenhum comentário:

Postar um comentário