Indústria
teme o fim do corte do imposto
Os segmentos
da indústria beneficiados pelas isenções esperam que os incentivos do governo
sejam prorrogados para evitar resultados negativos no resto do ano.
Ao menos,
por enquanto, os setores industriais beneficiados dizem ter conseguido
resultados melhores do que o previsto, na contramão da queda da indústria. Em
maio, a indústria recuou 4,3%, a nona queda seguida, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística.
Com IPI mais
baixo para automóveis, de maio até o fim de agosto, a Federação Nacional da
Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), por exemplo, contabilizou
aumento nas vendas diárias - de 13 mil, em maio, para 16 mil em junho. Para
ano, por causa do crescimento econômico menor, a entidade espera queda de 1,47%
em todo o setor.
"Se não
fosse pela redução do IPI, estaríamos com uma tendência negativa mais
forte", diz o presidente da entidade, Flávio Meneghetti. "Eu acredito
que o governo vai ter a sensibilidade de analisar os números. O governo vai ser
sensível se o mercado justificar (o imposto mais baixo)", afirma.
O setor de
linha branca também contabiliza alta nas vendas. Segundo o presidente da
Eletros - entidade que reúne os fabricantes do setor -, Lourival Kiçula, no
primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2011, as vendas de
refrigeradores cresceram 12%; a comercialização de lavadoras avançou 10% e a de
fogões 13%. O setor teve o IPI reduzido em 1° de dezembro e, no fim do mês
passado, o governo decidiu prorrogar a redução até o fim de agosto.
"A
nossa expectativa é que essa redução do IPI seja perenizado", disse
Kiçula. "Claro que estamos satisfeitos com essa redução. A nossa
expectativa para o ano é de uma manutenção do crescimento entre 10% e 15%, o
que é bastante interessante."
Para efeito
de comparação, no fim de 2008, no auge da crise financeira nos Estados Unidos,
o governo também decidiu diminuir o IPI para linha branca como forma de
incentivar a economia. No ano seguinte, as vendas de refrigeradores tiveram
crescimento de 23%, as lavadoras automáticas de 35% e os fogões 7%.
Recuperação.
Na avaliação do professor Emerson Marçal, da Fundação Getúlio Vargas, a
recuperação da indústria só deve ocorrer no fim do segundo semestre ou início
de 2013. "Esse ano não tem muito o que esperar. Nada vai conseguir criar
um alívio imediato" diz.
Segundo o
professor da FGV, a indústria está demorando para reagir e surpreendendo
negativamente. Para Marçal, a indústria pode não crescer ou ter um desempenho
negativo. "Não tem um sinal de que a indústria reagiu. O setor ainda não
parou de cair, isso o que está preocupando", afirmou.
Para Rafael
Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, as medidas anunciadas pelo governo
não serão suficientes para reverter o desempenho da indústria. "Essas
medidas não alteram a questão da competitividade. E é isso que está pegando
agora no Brasil", diz Bacciotti.
O economista
acredita que a indústria também tem sido prejudicada pela crise internacional.
"A crise internacional tem limitado o crescimento da demanda
externa", afirma.
Luiz
Guilherme Gerbelli
Fonte:
Estadão - Economia
Associação
Paulista de Estudos Tributários, 5/7/2012
12:15:04
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