Indústria presta conta da
redução de imposto
Após corte
do IPI, empresas de carros e fogões dizem ter criado 6.300 vagas
Repasse de
benefício fiscal não chega integralmente ao preço, segundo mostram pesquisas de
IBGE e FGV
CLAUDIA
ROLLI- DE SÃO PAULO
PEDRO SOARES-
DO RIO
Para pedir a
prorrogação da redução na alíquota do IPI, a indústria presta contas hoje ao
governo federal e vai mostrar que ao menos 6.300 empregos foram criados pelas
empresas que produzem fogões, geladeiras e carros desde que o corte do imposto
entrou em vigor.
Nessa conta
ainda faltam as vagas dos fabricantes de móveis que devem fechar os dados até a
reunião com o ministro Guido Mantega (Fazenda) marcada para hoje.
No setor da
linha branca, 3.800 empregos foram abertos desde dezembro, quando o corte do
IPI foi concedido para lavadoras, geladeiras e fogões. Hoje, o setor emprega
33,7 mil, segundo a Eletros, associação que reúne 14 empresas de linha branca.
"Os
dados de julho mostram que as vendas aumentaram entre 15% e 20%", diz
Lourival Kiçula, presidente da Eletros.
Nos
automóveis, os fabricantes registram 2.500 empregos criados desde junho. A
redução de IPI para o setor começou no final de maio.
O nível de
emprego passou de 145 mil em maio para 147,7 mil, segundo a Anfavea, que reúne
fabricantes de veículos (carros, caminhões e ônibus).
PREÇOS
Apesar da
renúncia fiscal de R$ 2,43 bilhões, os setores beneficiados pela redução de IPI
não repassaram o corte da alíquota integralmente aos preços ao consumidor na
maioria dos produtos. Mas viram a produção crescer após a medida de estímulo.
Na linha branca,
o corte de dez pontos percentuais do IPI de lavadoras (a alíquota caiu em
dezembro de 20% para 10%) resultou na redução de preço de 5,31% -concentrada
nos primeiros meses da medida; desde abril, os preços sobem moderadamente; em
junho, a alta foi de 0,64%.
Nas
geladeiras, a queda foi de 7,63% de janeiro a julho, abaixo do corte de dez pontos-embora
os preços tenham mantido leve queda mensal, de 0,26% em julho.
Nos fogões,
a redução de quatro pontos (a alíquota foi zerada) foi de 5,34%.
Fernando de
Castro, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, contesta os
dados.
"Os
preços caíram até mais do que a redução porque a concorrência estimula
descontos maiores. Apesar do aumento do dólar [e do impacto disso na importação
de componentes], do reajuste no preço da resina e do aumento de salários, o
repasse de preços chegou, sim, ao consumidor."
Em veículos,
a queda de preços ficou em 5,49%, mas a produção do setor, que acumulava altos
estoques, não cresceu, embora tenha reduzido a queda de 18,6% no primeiro
trimestre para 2,9% no segundo, segundo o IBGE.
Para Salomão
Quadros, da FGV, não existem pressões de custo no atacado que justifiquem o não
repasse integral do IPI menor ao consumidor.
Segundo a
Anfavea, há 1.495 modelos de carros na lista dos beneficiados pelo corte da
alíquota do imposto.
Na média, a
redução nos preços foi de 6,51%. Para cada ponto de corte de IPI, o preço final
cai de 0,7% a 0,8%. Com o IPI zerado nos carros 1.0, o peso dos impostos passou
de 27,1% para 22,2%.
Fonte: Folha
de S.Paulo
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