terça-feira, 28 de agosto de 2012


Indústria presta conta da redução de imposto



Após corte do IPI, empresas de carros e fogões dizem ter criado 6.300 vagas

Repasse de benefício fiscal não chega integralmente ao preço, segundo mostram pesquisas de IBGE e FGV

CLAUDIA ROLLI- DE SÃO PAULO
PEDRO SOARES- DO RIO



Para pedir a prorrogação da redução na alíquota do IPI, a indústria presta contas hoje ao governo federal e vai mostrar que ao menos 6.300 empregos foram criados pelas empresas que produzem fogões, geladeiras e carros desde que o corte do imposto entrou em vigor.

Nessa conta ainda faltam as vagas dos fabricantes de móveis que devem fechar os dados até a reunião com o ministro Guido Mantega (Fazenda) marcada para hoje.

No setor da linha branca, 3.800 empregos foram abertos desde dezembro, quando o corte do IPI foi concedido para lavadoras, geladeiras e fogões. Hoje, o setor emprega 33,7 mil, segundo a Eletros, associação que reúne 14 empresas de linha branca.

"Os dados de julho mostram que as vendas aumentaram entre 15% e 20%", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros.

Nos automóveis, os fabricantes registram 2.500 empregos criados desde junho. A redução de IPI para o setor começou no final de maio.

O nível de emprego passou de 145 mil em maio para 147,7 mil, segundo a Anfavea, que reúne fabricantes de veículos (carros, caminhões e ônibus).

PREÇOS

Apesar da renúncia fiscal de R$ 2,43 bilhões, os setores beneficiados pela redução de IPI não repassaram o corte da alíquota integralmente aos preços ao consumidor na maioria dos produtos. Mas viram a produção crescer após a medida de estímulo.

Na linha branca, o corte de dez pontos percentuais do IPI de lavadoras (a alíquota caiu em dezembro de 20% para 10%) resultou na redução de preço de 5,31% -concentrada nos primeiros meses da medida; desde abril, os preços sobem moderadamente; em junho, a alta foi de 0,64%.

Nas geladeiras, a queda foi de 7,63% de janeiro a julho, abaixo do corte de dez pontos-embora os preços tenham mantido leve queda mensal, de 0,26% em julho.

Nos fogões, a redução de quatro pontos (a alíquota foi zerada) foi de 5,34%.

Fernando de Castro, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, contesta os dados.

"Os preços caíram até mais do que a redução porque a concorrência estimula descontos maiores. Apesar do aumento do dólar [e do impacto disso na importação de componentes], do reajuste no preço da resina e do aumento de salários, o repasse de preços chegou, sim, ao consumidor."

Em veículos, a queda de preços ficou em 5,49%, mas a produção do setor, que acumulava altos estoques, não cresceu, embora tenha reduzido a queda de 18,6% no primeiro trimestre para 2,9% no segundo, segundo o IBGE.

Para Salomão Quadros, da FGV, não existem pressões de custo no atacado que justifiquem o não repasse integral do IPI menor ao consumidor.

Segundo a Anfavea, há 1.495 modelos de carros na lista dos beneficiados pelo corte da alíquota do imposto.

Na média, a redução nos preços foi de 6,51%. Para cada ponto de corte de IPI, o preço final cai de 0,7% a 0,8%. Com o IPI zerado nos carros 1.0, o peso dos impostos passou de 27,1% para 22,2%.


Fonte: Folha de S.Paulo

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