Em 2014, chega a nota fiscal eletrônica direta ao consumidor
Atualmente 38 empresas do varejo participam de um
projeto piloto e já estão emitindo o documento fiscal.
Silvia Pimentel
A nota fiscal eletrônica está
chegando ao consumidor final. E o varejo terá de se adaptar à emissão do
documento, investindo em novas tecnologias. Isso significa que o atual Emissor
de Cupom Fiscal (ECF) pode estar com os dias contados. Por enquanto, a NFC-é
utilizada apenas no Mato Grosso e no Amazonas, mas passará a ser exigida em São
Paulo a partir de abril de 2014. De acordo com projeções da Associação
Brasileira de Automação Comercial (Afrac), o varejo deverá investir cerca de R$
1 bilhão na aquisição dessa solução fiscal.
Atualmente 38 empresas do
varejo participam de um projeto piloto e já estão emitindo o documento fiscal.
Para o consumidor, a novidade é que ele verá a nota diretamente no site da
secretaria da fazenda do estado onde foi emitida e poderá baixá-la no próprio
celular. Para o varejista, principalmente de pequena empresa, o custo será
maior, com a compra de serviços de internet e do certificado digital. De acordo
com o professor Roberto Dias Duarte, especialista em Sistema Público de Escrituração
Digital (Sped), a NFC-e chega para fechar de vez o cerco à sonegação.
“A NFC-e e o Sped Social (folha de
salários em arquivos digitais) serão as novas armas tecnológicas do fisco”,
afirma. As novas notas poderão ser emitidas com valor limite de R$ 200 mil e o
varejista terá um prazo de 30 minutos para cancelar a operação, se necessário.
O consumidor não será obrigado a se identificar. No futuro, o documento poderá
ser enviado por e-mail ou SMS.
“O avanço do uso de tecnologias
móveis é uma das vantagens para o varejista com a ferramenta”, afirma Duarte.
Apesar disso, ele defende uma
transição gradual do ECF para essa solução fiscal. O Mato Grosso impôs a
obrigação. E não se sabe a posição dos outros estados. A Afrac também defende a
obrigatoriedade gradual. “Não se pode destruir as antigas tecnologias; devem
morrer aos poucos, de forma gradual. É importante que o comércio esteja
preparado para as mudanças, que serão inevitáveis, mas não tão simples de serem
implantadas”, diz o professor.
Benefício – A rede Makro,
presente em 25 estados com 88 lojas, é uma das participantes do projeto piloto.
A empresa usa a nota desde junho de 2012, a convite da Secretaria Estadual da
Fazenda do Amazonas. Para a gerente de impostos Marivete Maschião, há
vantagens e desvantagens na emissão do documento, feita hoje em sete lojas do
grupo. “Foi um processo difícil porque tínhamos sobrecarga de trabalho
com o Sped”, informa. Uma das premissas da empresa na implantação era a de não
deixar o consumidor esperando por muito tempo na boca do caixa, uma etapa que
foi bem sucedida, depois de dez meses de discussão com o fisco para implantar a
novidade. Segundo Marivete, o estado do Amazonas estuda a possibilidade de
oferecer algum benefício ao consumidor, nos moldes da Nota Fiscal
Paulista, em que o fisco devolve parte do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS).
O proprietário da Pizzeria
1900, Erik Momo, um futuro emissor da nova nota, está apreensivo com a novidade
e defende uma contrapartida do fisco, como redução da carga tributária ou algum
desconto do ICMS para a compra do equipamento e software. “Foi um trauma a
implantação da Nota Fiscal. Não quero passar por isso de novo”, desabafa.
Na opinião dele, o fisco parece ter
em suas dependências um setor da Nasa, tamanha a vontade de inventar
equipamentos. E quem perde é o empreendedor, que deixa de focar nos seus
negócios para lidar com exigências burocráticas e fiscais. “Como empresário, o
meu diferencial é fazer pizza. E gostaria de me preocupar com isso, apenas”,
conclui.
Fonte: Diário do
Comércio
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