Vitória em correção do FGTS causa romaria
de advogados
Brasil
Econômico Do iG - Por Vitor Sorano
21/01/14 16:31
21/01/14 16:31
Em três dias, 400 profissionais pedem
consultas a processos em que Caixa foi condenada. Decisão deve intensificar
ações
São Paulo - A 2ª Vara Cível de Foz do Iguaçu (PR) se tornou destino de
uma romaria virtual de advogados nos últimos dois dias. O objetivo é copiar as
quatro ações que obtiveram uma - até então - inédita correção do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pela inflação. Em quatro dias, 400
profissionais já haviam consultado os quatro processos vitoriosos, segundo
levantamento feito pelo iG.
Até quem não é da área se animou a engrossar a onda de quase 30 mil
ações que pedem o mesmo em todo o Brasil.
"Trabalho com direito ambiental, mas o que motivou é que tenho
alguns amigos e parentes que me pediram [para entrar com ação
semelhante]", conta Ana Rafaella Trindade, advogada de Belo Horizonte.
"Já são sete, para mais."
O objetivo dos processos é obrigar a Caixa Econômica Federal (CEF),
presidida por Jorge Hereda, a corrigir o FGTS por um índice inflacionário, em
substituição à Taxa Rerencial (TR). Embora previsto em lei, o uso desse
indicador tem resultado em perdas desde 1999 de até 101%, segundo o Instituto
FGTS Fácil.
Coletivas
Até o início deste ano, a Caixa havia saído vitoriosa em todas as 13.664
decisões já proferidas, segundo o banco. A primeira derrota veio no último dia
8, seguida de outras três no dia 15, todas proferidas pelo juiz substituto da
2ª Vara Cível de Foz do Iguaçu, Diego Viegas Véras. Ele obrigou a substituição
da TR pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Especial (IPCA-E).
Do dia 17 até o fim da tarde desta segunda-feira (20), 400 advogados de
nove Estados - de Alagoas e Tocantins ao Rio Grande do Sul - pediram para
consultar os quatro processos.
As decisões do juiz Véras também devem ser usadas nesses segundos casos,
diz Indira Ernesto Silva Quaresma, cujo escritório - Meira Morais - representa
300 sindicatos e cerca de 5 milhões de trabalhadores.
"[As decisões de 1ª instância] dão esperança porque o mérito é o
mesmo: a TR não é índice de correção monetária", diz a advogada. "A
gente estava até discutindo de pedir a juntada de decisões favoráveis [aos
processos coletivos]."
Além das decisões paranaenses, uma quinta favorável à correção pela inflação - nesse caso, pelo INPC - foi dada no último dia 16 pelo juiz Márcio José de Aguiar Barbosa, titular da 1ª Vara Federal de Pouso Alegre (MG). Segundo a Justiça Federal de Minas Gerais, entretanto, até esta segunda-feira não houve consultas ao processo.
Segundo o iG apurou, as primeiras cinco derrotas não devem mudar a
estratégia de defesa da Caixa Econômica Federal, que tem atuado sozinha nos
processos, e pode sofrer um impacto bilionário caso a tese de revisão se
consolide. Uma mudança de postura deve ocorrer quando o caso chegar ao Superior
Tribunal de Justiça (STJ) ou ao Supremo Tribunal Federal (STF).
As sentenças serão comunicadas formalmente ao Conselho Curador do FGTS,
cuja próxima reunião, que acontece em março. A Caixa entende que apenas tem
cumprido a legislação - que prevê o uso da TR - e que mesmo uma eventual
derrota não seria assumida pelo banco, e sim pelo próprio fundo.
Fonte:Aesc- Jau
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