Resistência a sair do Simples leva
empresas a evitar crescimento
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Na mudança de sistema de cobrança de
tributos, alíquota salta de 4% no lucro presumido para 18% no real.
Cristina Ribeiro de Carvalho
ccarvalho@brasileconomico.com.br
Em se tratando de matéria tributária,
o grande ponto discutido pelo empresariado é a necessidade de simplificar a
cobrança de impostos, principalmente o ICMS, segundo expuseram economistas e
especialistas durante o seminário “O modelo fiscal brasileiro e seus impactos
sobre as iniciativas empreendedoras", realizado na última sexta-feira
com o apoio do grupo Ejesa, por meio do Brasil Econômico e do jornal O Dia.
De acordo com Everardo Maciel, ex-secretário da Fazenda Federal, o ICMS tem entre 40 e 50 alíquotas diferentes, estabelecidas pelos estados. Além disso, há uma série de “guias conflitantes" que devem ser preenchidas manualmente.
Diante desse emaranhado, o
vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Roberto Mateus
Ordine, classifica o atual sistema como
perverso e inibidor da competitividade da indústria nacional, com impacto
negativo principalmente sobre as pequenas e médias empresas. “Os investidores
se sentem acuados diante de um sistema tão complexo. O ICMS virou o samba do crioulo doido", disparou,
destacando que o problema leva muitas empresas a limitar as atividade.
Afinal, expandir o negócio pode significar
exclusão do Simples – sistema tributário diferenciado para pequenas empresas. “É ter de
sair do do lucro presumido, com alíquota de até 4% sobre o faturamento, para
o real, em que será onerado em 18%", diz, apontando que a escalada de
índices leva também a situações de insolvência fiscal. Esse resultado, de
acordo com Ordine, faz com que as empresas sejam vistas como sonegadoras
perante a Receita Federal. Acontece que o cumprimento das obrigações é extremamente dificil, já que o
empresário não partilha das complexidades do universo tributário, segundo o
especialista.
Soluções
Para amenizar o problema, Roberto Mateus Ordine sugere que sejam eliminadas as redundâncias de formulários e obrigações acessórias. A nota fiscal eletrônica, segundo ele, já é um sinal de avanço nesse sentido, ainda que tímido. O canal eletrônico permite enviar informações para a Secretaria da Receita Federal, que tem conexão com as secretarias de estado da Fazenda. “A informatização de todo o sistema tributário vai permitir que o Estado tenha um controle de dentro para fora. Algo que ainda não existe, já que é difícil ter informações conexas com calhamaços de papel. É preciso trabalhar sem papel, por meio da tecnologia”, aponta. Ainda segundo ele, as empresas estão muito envolvidas com burocracias de informação fiscal e perdendo o foco em sua atividade, que é produzir. “Essa responsabilidade deve ficar mais com o fisco. O empresário deve parar de perder tempo com os papeis”, reclama.
Com a palavra, o advogado
tributarista Pedro Guilherme Lunardelli foi enfático ao afirmar que ainda não há ninguém capaz de consolidar as exceções do
PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social) criadas todos os dias pela Receita. “A presidente Dilma Rousseff pode
exigir isso do órgão”, diz. Para o presidente do conselho econômico da
Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Paulo Rabello
de Castro, a solução é criar a URV (Unidade Real de Valor) fiscal, que
unificaria os tributos. ¦
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Fonte: Brasil Econômico
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segunda-feira, 27 de agosto de 2012
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