Auditoria ganha força com o
Sped
Ferramenta estratégica na gestão e no
controle de processos, a Auditoria independente ganha mais
expressividade entre as empresas de grande porte. A partir de 2014, as
companhias com ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual
superior a R$ 300 milhões, que já são obrigadas a realizar Auditoria externa,
conforme estabelece a Lei 11.638/2007, terão também que cadastrar o nome do
auditor no Sistema Público de Escrituração Digital (Sped).
Diante da imposição legal, a
exigência parece ser um mero detalhe, mas está longe de ser um fato de pouca
importância. Ao adaptar a escrituração contábil digital às prerrogativas da
lei, a Receita Federal recrudesce a exigência, praticamente inviabilizando o
não cumprimento do disposto legal.
A proposta, destaca o vice-presidente
de Gestão do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS),
Antônio Carlos Palácios, ajuda a fiscalizar o cumprimento da determinação.
“Obrigação sem fiscalização não é cumprida”, sacramenta, lembrando que apenas
as companhias de Capital aberto, obrigadas a publicar balanços,
divulgam os responsáveis pelaAuditoria externa. “Se as empresas fechadas
não publicam balanço, como saber se têm ou não aAuditoria externa?”,
questiona. “O resultado é que a grande maioria das empresas de grande porte
continuou operando como anteriormente, sem adequação à lei. O caminho foi
exigir a informação no Sped, isso faz com que agora elas não tenham como não
contratar esse serviço.”
O processo de inclusão do campo para
cadastro do auditor é resultado da preocupação de entidades como o Instituto
dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), que identificava a falta de
adequação à lei. “Nós fomos buscar como as empresas podiam tomar contato com a
lei e adotá-la”, explica Eduardo Pocetti, presidente da Diretoria Nacional do
Ibracon.
“A Receita estudou isso com a gente e
decidiu, então, alterar o sistema da escrituração, incluindo o campo para as
empresas de grande porte”, destaca. Pocetti lembra que diversas empresas
deveriam ser auditadas e não são por desconhecimento de lei. “Todo dia empresas
passam a ser de grande porte, uma empresa que hoje fatura R$ 200 milhões,
fatalmente vai aumentar esse valor e se enquadrar às de grande porte”, detalha.
País fortalece combate à fraude
A Lei 11.638/2007, que definiu
critérios para enquadramento dos portes das empresas e exigiu a realização de Auditoria independente
nas grandes companhias, tem gerado bons resultados no sentido de promover a
adequação do Brasil às Normas Internacionais de Contabilidade (em inglês,
International Financial Reporting Standards, IFRS). Integrando a prática à
regra, o cadastro do auditor independente no Sped é mais uma peça para
fortalecer o comprometimento do País com a prática mundial. “O Brasil está bem,
muito bem calcado, e é reconhecido pelo IASB, que edita as normas internacionais,
como um dos países que mais rapidamente se adaptaram às normas internacionais”,
destaca o presidente da Diretoria Nacional do Ibracon, Eduardo Pocetti.
O cadastro no Sped a partir de 2014
refere-se ao ano-calendário 2013, portanto, as empresas enquadradas no perfil
de sociedades de grande porte devem se adequar o quanto antes. A exigência,
conforme determina a Lei 11.638/2007, estabelece que a empresa de Auditoriaexterna
ou o auditor independente estejam devidamente registrados na Comissão de
valores mobiliários (CVM).
Um ganho adicional da medida é
garantir maior credibilidade aos dados repassados pelas empresas, diminuindo a
ocorrência de fraudes. “Empresa auditada é empresa mais transparente”,
sintetiza Pocetti. Para o diretor do Núcleo Auditoria do Grupo
Villela, Marcus Vinicius Schmitz Feijó, “o Sped veio para fiscalizar mais a
movimentação dos dados digitais”, já que os registros de livros fiscais que
antigamente eram impressos, agora são feitos via eletrônica, o que aumenta a
chance de fraude. “Para inibir essas fraudes, a fiscalização está exigindo
auditores. Agora, no Sped, a Receita Federal vai saber todas as empresas que
estão ou não sendo auditadas. Provavelmente, vai focar a fiscalização mais nas
que não têm auditoria”, argumenta.
Fonte: Jornal do
Comércio
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