Governo quer unificar PIS e Cofins
Brasília - O
governo federal dá os últimos retoques para mudar a estrutura de dois dos mais
complexos tributos do País, o PIS e a Cofins. A ideia é unificá-los, formando
uma espécie de imposto sobre valor agregado (IVA). O nome de trabalho do novo tributo é Contribuição sobre Receitas (CSR).
A mudança é
considerada prioritária pela presidente Dilma Rousseff, que deseja anunciar as
novas regras ainda neste semestre. Ela já disse que quer fazer de 2013 o ano da
desoneração tributária. Para tanto, será necessário um consenso na área
econômica para a estratégia de implantação da mudança. Há dúvidas, pois a
alteração envolverá perda de receitas e há pouco espaço no Orçamento para novas
renúncias.
Hoje, o PIS
e a Cofins são calculados de duas formas, dependendo do setor. Alguns o
recolhem de forma cumulativa, ou seja, aplicam uma alíquota de 3,65% no
faturamento da empresa. Outros o fazem de forma não cumulativa, aplicando uma
alíquota de 9,25% a cada etapa de produção e deduzindo créditos tributários
gerados pela compra de insumos para aquela etapa. A política para créditos é
cheia de exceções, o que transforma os tributos em pesadelo para as empresas.
No momento,
as discussões técnicas estão concentradas em duas questões: qual o peso do novo
tributo e em quanto tempo a mudança vai entrar em vigor.
Uma minuta
da legislação do novo imposto previa uma alíquota única, mas esse caminho
acarretaria perdas a alguns setores e ganhos a outros. Isso o governo não quer.
A ordem é não impor perdas. Estuda-se, portanto, a adoção de duas ou mesmo três
alíquotas, para evitar que as empresas tenham a carga tributária aumentada.
Essas alíquotas variam entre 4% e 9%.
Outra
questão, mais difícil de contornar, é o impacto fiscal da mudança. Estimativas
apontam que o governo pode criar uma conta de crédito tributário de R$ 30
bilhões caso adotasse, por exemplo, uma alíquota única.
O governo se
divide entre aqueles que desejam que o novo tributo seja instituído para todos,
já em janeiro de 2014, e aqueles que defendem uma adoção gradual, começando
ainda neste ano. Nessa segunda hipótese, a mudança poderia começar por alguns
setores econômicos ou categorias de gastos que passariam a gerar créditos.
O governo
discute também o que fazer com os regimes especiais de tributação. A legislação
dos dois tributos hoje é das mais complexas, uma vez que, além das regras
gerais, diversos setores recolhem o PIS e o Cofins de forma particular.
Internamente,
o governo entende que a mudança não deve ocorrer antes de abril, diante da
complexidade do assunto. Técnicos entendem que a unificação do PIS e da Cofins,
e sua consequente simplificação sob um regime único, vai concluir uma espécie
de reforma tributária.
Nessa
reforma estão inseridas as mudanças no ICMS, que o governo espera aprovar neste
ano, e a desoneração da folha de pagamentos, que deve ser ampliada até o fim do
ano que vem a todos os setores que desejarem.
João
Villaverde e
Lu Aiko Otta
Agência
Estado
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