Fisco aposta em tecnologia
para barrar novas fraudes
HELTON
SIMÕES GOMES
COLABORAÇÃO
PARA A FOLHA
Nasceu na
tela de um computador os indícios que levaram à megaoperação do Fisco paulista
que suspendeu a inscrição estadual de, ao todo, 352 empresas e congelou mais de
R$ 660 milhões em ICMS sem registro.
Realizada em
duas partes (uma em setembro, outra na última semana), a operação Quebra-Gelo,
que enquadrou companhias emissoras de notas fiscais frias, foi baseada em
suspeitas que nasceram do cruzamento de dados feito pela tecnologia apelidada
de "Minority Report".
A ferramenta
aponta os contribuintes que já cometerem fraudes ou sonegaram e os mais
propensos a isso -daí a relação ao filme estrelado por Tom Cruise sobre um
sistema que podia prever os crimes antes de ocorrerem.
"Com
ela [a tecnologia], você manipula os dados sobre o passado para descobrir
correlações com comportamentos fraudulentos e de desvios de conduta", diz
Victor Hugo Margraf, diretor de vendas para governo da SAS, companhia que cria
esses sistemas.
Além de
pegar fraudadores, elas preveem com mais assertividade a arrecadação e flagram
inadimplentes.
ANÁLISE DE
DADOS
Minas Gerais
e Paraná, além de São Paulo, já utilizam ferramentas de inteligência para
análise de grandes massas de dados: "Big Data".
"Só da
Nota Fiscal Paulista já temos 15 bilhões de documentos armazenados", diz
Evandro Luiz Alpoin Freire, coordenador de planejamento estratégico e
modernização fazendária da Secretaria da Fazenda paulista (Sefaz).
Por dia, o
Paraná recebe 700 mil notas fiscais eletrônicas, e Minas, 800 mil.
As Fazendas
estaduais são um prato cheio para ferramentas como essas, pois armazenam dados
de arrecadação de impostos como ICMS e IPVA, de vendas feitas por empresas e
registradas em notas fiscais eletrônicas e até da circulação de cargas.
Elas formam
o chamado banco estruturado, no qual ocorre a "mineração de dados"
que forma os padrões de comportamento tributário -e os subsequentes desvios.
As
secretarias contam ainda com ajuda externa. Na operação Cartão Vermelho,
empresas de cartões de crédito enviaram as movimentações de suspeitos à
Sefaz-SP.
Os sistemas
não fazem tudo, mas apontam os pontos para as secretarias concentrarem os
parcos agentes de investigação. "Hoje, quando apuramos alguma
irregularidade, dificilmente deixamos de achar alguma coisa", diz Freire,
da Sefaz-SP.
Os sistemas
operam mais rapidamente sob novos programas de incentivo fiscal, com menos
chance de deixar brechas na arrecadação.
"O
momento macroeconômico desfavorável à arrecadação leva as secretarias a fazerem
mais e melhor com menos", diz Carlos Bokos, diretor de governo da
Teradata, companhia de tecnologia fornecedora da Sefaz-PR.
Fonte:
Fenacon
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