Sistema Público de Escrituração Digital obriga
empresas a adaptar sistemas de informática
Juliana Garçon
jgarcon@brasileconomico.com.br
A vida fiscal das empresas está ficando ainda mais difícil. Após
abordar as maiores empresas do país, a Receita Federal está colocando em
prática a implementação do Sped (Sistema Público de Escrituração Digital) para
um universo cada vez maior e mais múltiplo de companhias. “A implementação
vinha sendo adiada, mas passou a ser obrigatória no ano passado para empresas
de acompanhamento diferenciado. Em março, foi a vez das optantes pelo regime de
lucro real. Agora,
empresas do lucro presumido e do Simples também terão de se adequar”, diz
Dayane Amaro, especialista em tributos da consultoria Crowe Horwath Brasil.
No mês passado, 40.998 contribuintes de diversos portes e
atividades começaram a entregar o Sped, sob pena de multa de R$ 5 mil por
âmbito (federal, estadual e municipal), posto que o sistema integra obrigações
das três esferas. Em janeiro do ano que vem, mais 34.548 têm de aderir. Entre
março e outubro, outros 138.759 contribuintes serão abordados.
Para os especialistas, a necessidade de organizar melhor as rotinas contábeis será, no
final das contas, favorável às empresas. “Devemos entender o Sped não
como uma despesa, mas como um investimento cujo retorno se dará pela melhoria
da produtividade, dos controles e das informações gerenciais para tomada de
decisão”, afirma Geuma Nascimento, sócia da Trevisan Gestão & Consultoria
(TG&C), que lançou um serviço para preparar as PMEs. “Todos os dados da
empresa precisam estar absolutamente organizados (entradas, saídas, estoques,
vendas, contabilidade e operações fiscais) para a correta entrega.” Porém, por
ora, significa uma obrigação a mais e despesas para adaptar os sistemas de
informática ou contratar novos.
“Esta fase
inicial tem um impacto grande no custo das empresas de menor porte que não têm
departamento fiscal e terceirizam a contabilidade. Afinal,
elas terão de pagar mais aos contadores para dar conta da obrigação”, diz a
tributarista Ana Claudia Utumi, do Tozzini Freire Advogados. “Há planos de
dispensar as empresas das obrigações acessórias. Mas, por enquanto, não é o que
acontece.” O resultado é
duplicidade de informações e controles, destaca Renata Barbella,
advogada associada do Aidar SBZ. “Para as empresas, é um ônus, um acúmulo de
obrigações”, reflete. Depois, o
advento do Sped significará maior exposição das empresas ao fisco. “Abre
mais possibilidades de autuações. Os erros aparecerão mais para o Fisco, então
todos terão de ficar mais organizados e eficientes”, ressalta.
As necessidades criadas pelo advento do Sped estão provocando um apagão de profissionais em consultorias, escritórios contábeis e fornecedores de soluções de gestão informatizada.
“Falta gente capacitada para fazer as revisões e mudanças de
rotina”, diz Jorge Campos, moderador do grupo de usuários Sped Brasil, que
reúne cerca de 30 mil usuários. “E os contadores recém-formados não sabem
operar o sistema. “Defendo a inclusão da escrituração digital na grade
curricular”, sugere. ¦
Fonte: Fenacon
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