Governadores barram plano
de unificar alíquota do ICMS
Proposta do
governo de reduzi-la para 4% em 8 anos enfrenta resistência
Mantega
disse acreditar que a mudança pode ser feita até o fim do ano e que solução
pode ser resolvida via Justiça
DE BRASÍLIA
O ministro
Guido Mantega (Fazenda) apresentou ontem aos governadores uma proposta para
tentar acabar com a guerra fiscal entre os Estados, mas encontrou muita
resistência, principalmente entre líderes das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste.
A proposta
do governo federal prevê a unificação das alíquotas interestaduais de ICMS em
4%. Em geral, as alíquotas variam hoje de 7% a 12%. A queda para 4% ocorreria
paulatinamente, ao longo de oito anos.
Para tentar
driblar a resistência, a Fazenda propõe criar um fundo de desenvolvimento
regional, que terá R$ 172 bilhões disponíveis ao longo de 16 anos, para
financiar empresas e obras.
Desse total,
R$ 43 bilhões virão direto do Orçamento federal. O restante será emprestado
pela União.
Além disso,
a proposta do governo inclui também a criação de um fundo de compensação que
deve cobrir todas as perdas dos Estados com a redução da alíquota.
Mas, mesmo
com a criação desses dois fundos, os Estados do Nordeste, do Norte e do
Centro-Oeste resistem à mudança. Eles defenderam uma proposta alternativa, que
prevê que as alíquotas caiam cinco pontos percentuais. Assim, a de 12% cairia
para 7%, e a de 7%, para 2%, segundo explicou o governador de Mato Grosso do
Sul, André Puccinelli (PMDB).
"O
diferencial de alíquota dos Estados ricos para os pobres seria mantido para
eles poderem sobreviver", afirmou Puccinelli.
Outros
governadores, como o do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e o de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se mostraram favoráveis à unificação, desde que
haja a compensação.
"O que
eu acho que não deve acontecer é manter a diferença de alíquota, porque aí o
governo vai gastar uma fábula com o fundo de compensação e não vai resolver a
guerra fiscal", disse Alckmin.
Apesar de
haver resistência à unificação do ICMS, Mantega disse acreditar que a mudança
pode ser feita até o fim do ano, por meio de uma resolução do Senado. Já os
fundos seriam criados por meio de medida provisória.
"Vamos
discutir para ver se conseguimos chegar num meio-termo. Se não, é possível que
os tribunais o façam. E não é a melhor maneira", disse, em referência à
batalha jurídica travada por alguns Estados no STF.
Fonte: Folha
de S.Paulo
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