Governo prepara fusão de impostos
Plano é unir PIS e Cofins em um único tributo, para
facilitar a vida das empresas e a fiscalização da Receita, mas a alíquota deve
subir.
27 de
maio de 2012 | 22h 43
Adriana
Fernandes, Lu Aiko Otta e Vera Rosa
BRASÍLIA
- Depois das mudanças na remuneração na caderneta de poupança, a presidente
Dilma Rousseff prepara uma ampla reforma em dois dos mais complexos tributos
cobrados no País: as contribuições para o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins) e o Programa de Integração Social (PIS).
A
proposta já foi levada à análise da presidente na sexta-feira passada pelos
secretários Nelson Barbosa (executivo da Fazenda) e Carlos Alberto Barreto
(Receita Federal), numa conversa da qual participou também o empresário Jorge
Gerdau.
Ela prevê
a unificação da Cofins e do PIS. A fusão dará origem a uma nova contribuição,
que terá uma sistemática de cobrança mais simples.
O governo
alega que as modificações trazem vantagens para as empresas e também para o
Fisco. A alteração exige apenas uma lei ordinária e pode ser feita por medida
provisória (MP).
Com a
mudança, a presidente pretende dar mais um passo importante na sua estratégia
de reformar o sistema tributário em fatias. Ela evitou o caminho dos governos
anteriores, que perseguiram reformas amplas e ambiciosas e fracassaram.
O PIS e a
Cofins são tributos cobrados de duas formas: cumulativa e não cumulativa. Na
forma não cumulativa, que é a mais nova e abrange a maioria das empresas, o que
é pago em uma etapa de fabricação vira crédito a ser descontado na nova etapa.
Ocorre
que, hoje, nem tudo o que uma empresa adquire para sua produção dá direito a
créditos tributários. Há uma série de exceções e esse é um dos principais focos
de complicação. As empresas precisam montar grandes estruturas para lidar com
essas regras.
Segundo
apurou o Estado, a proposta ataca esse problema, ao garantir que todos os
insumos passarão a gerar crédito. A expectativa é que essa mudança simplificará
a vida não só das empresas, mas também da Receita, que terá mais facilidade em
fiscalizar. Isso só foi possível com a implantação da nota fiscal eletrônica.
Nela, haverá um campo específico para informar sobre a aquisição de insumos.
Alíquota.
Há, porém, um problema que faz com que Dilma esteja cuidadosamente preparando
terreno para a mudança. Como haverá maior geração de créditos tributários, é
possível que seja necessário elevar a alíquota do tributo. O nível deverá ficar
acima dos 9,25% que hoje são cobrados de quem está na sistemática não cumulativa.
O governo
ainda não decidiu se o sistema cumulativo será ou não mantido após a fusão dos
dois tributos. O que já está certo é que serão preservadas todas as
desonerações de PIS-Cofins que o governo concedeu nos últimos anos. Por essa
razão, o ex-secretário da Receita Everardo Maciel acha que não haverá a
simplificação desejada: "É como querer emagrecer sem abrir mão de uma
dieta rica em gorduras."
Fonte: O
Estado
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