Governo cria outros meios de incentivo
30/07/2012
O governo federal regulamentou, no ano passado, uma
lei que facilita a participação das micro, pequenas e médias empresas em
licitações públicas.
De acordo com Renato Garcia, professor da Escola
Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), há três novidades.
Uma é a regulamentação de subcontratações -uma
grande empresa que vence uma licitação pode ter fornecedores de menor porte.
A segunda garante ao pequeno empresário a
preferência, no caso de empate com uma grande companhia, na concorrência por um
contrato público.
E, por fim, licitações de até R$ 80 mil são
destinadas apenas a micro e pequenas empresas. O efeito foi um aumento na participação
desses empresários nas compras governamentais.
No primeiro semestre deste ano, micro e pequenas
empresas tiveram uma participação de 36% no fornecimento de bens e serviços
para o governo federal -em 2010, a participação desse setor foi de 25%.
Apesar da maior participação, nem todos estão
satisfeitos. Para Paulo Feldmann, presidente do Conselho da Pequena Empresa da
Fecomercio (Federação do Comércio), a lei restringe a participação das pequenas
empresas em licitações ao proibir que elas construam consórcios para concorrer.
"A legislação brasileira está errada."
"O que o governo pode fazer é não
atrapalhar", diz o professor de empreendedorismo da FGV Marcelo Aidar.
Ele considera que reduzir as burocracias deve ser a
principal política para impulsionar o empreendedorismo no país. Aidar lembra
que, no Brasil, uma empresa demora, em média, 120 dias para ser aberta. No
Chile, são necessários 27 dias.
Além da nova regra, há órgãos destinados a incentivar
o desenvolvimento dos pequenos e médios empresários. Um deles é a Finep
(Financiadora de Estudos e Projetos), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia,
cujo programa Inovar busca estimular o investimento em capital semente e a
formação de investidores anjos.
A ClanSoft, empresa de desenvolvimento de softwares
de Campinas (SP), foi uma das beneficiadas por programas governamentais. Ela
contou com R$ 120 mil para desenvolver um aplicativo para tablets chamado
Tacticalpad, que mostra dados e informações sobre esportes coletivos, conta o
sócio Pedro Henrique Borges de Almeida, 30.
O dinheiro veio do programa Pipe (Pesquisa
Inovativa em Pequenas Empresas), da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo).
'Brasil está desenvolvendo políticas de apoio'
DE SÃO PAULO
Gilberto Sarfati é professor de empreendedorismo da
FGV (Fundação Getulio Vargas) e fez um estudo sobre políticas públicas de
incentivo no Brasil comparadas às de quatro países: Canadá, Chile, Irlanda e
Itália.
Folha - O Brasil já tem políticas relevantes de
apoio aos pequenos empresários?
Gilberto Sarfati* - Está começando a ter. Destaco a
lei do Simples e o trabalho da Finep [Financiadora de Estudos e Projetos,
ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia], que tem um papel importante para
formar a indústria de capital de risco.
Quais iniciativas podemos aprender de outros
países?
Nos países ricos, há um foco em empreendedorismo de
alto impacto (empresas que crescem mais de 20% ao ano). O futuro do
desenvolvimento econômico -geração de empregos e novas tecnologias-
está aí. Para isso, é preciso ter educação empreendedora, preocupação com
desenvolvimento regional e simplificar a vida dos empresários. É o que fazem o
Canadá, a Irlanda e o Chile.
E o que não se deve fazer?
A Itália é o antiexemplo. Lá, as regras
trabalhistas são muito rígidas. Um empregado não é demitido nunca, pois a
quantidade de encargos que a empresa é obrigada a pagar é praticamente o
salário para o resto da vida do sujeito.
Fonte: Folha de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário