Ação popular pede que nota
fiscal discrimine valor do imposto pago
CLAUDIA
ROLLI
DE SÃO PAULO
Há cinco
anos um projeto de lei, aprovado no Senado e que aguarda votação na Câmara,
quer tornar obrigatório informar na nota fiscal a carga tributária embutida no
preço de produtos.
Mostrar o
valor do imposto na nota pode fazer cliente repensar compra
Durante a
campanha "De olho no imposto", criada em 2007 por entidades
empresariais paulistas, 1,5 milhão de consumidores enviaram aos deputados, por
meio de um abaixo assinado, pedido para saber o peso dos tributos na compra. Da
ação popular, surgiu o projeto de lei nº 1.472, que aguarda votação.
Após
percorrerem 2.000 km no Estado com o caminhão do impostômetro, associações
comerciais paulistas lançam agora o movimento "Hora de Agir", para
pedir a aprovação do projeto.
"O que
o projeto propõe é regulamentar o que está na Constituição desde 1988. Governo
algum teve interesse em mostrar o quanto o cidadão paga de imposto", diz o
tributarista Ives Gandra Martins. São quatro meses e meio de trabalho só para
pagar impostos em um país com carga tributária de 35%.
Há 24 anos,
o parágrafo 5º do artigo 150 da Constituição prevê: "A lei determinará
medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que
incidam sobre mercadorias e serviços." Sem regulamentação, não entrou em
vigor.
Desde 2004,
23 projetos já foram propostos no Congresso com esse objetivo. Todos foram
agrupados no PL 1.472.
Em vários
países da Europa e nos EUA, é possível ver no ato da compra o quanto se paga de
imposto. O valor correspondente ao IVA (imposto de valor agregado) vem
discriminado no cupom fiscal.
Como o
Brasil não tem um único imposto que agregue os demais, a ideia é informar o
valor aproximado do total de tributos federais (como IPI, PIS, Cofins),
estaduais (ICMS) e municipais (ISS) que são embutidos no preço.
Também prevê
que a informação conste em painéis visíveis nos estabelecimentos.
"Ninguém
é contra o pagamento de imposto. Temos o direito de saber para onde vai o nosso
dinheiro e exigir o bom uso do dinheiro público", diz Rogério Amato,
presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Apesar de
apoiado por deputados de vários partidos, o projeto encontra resistência.
"Mais especificamente na Receita", diz o deputado Guilherme Campos,
relator do projeto na Comissão de Finanças. A Receita informou não comentar
projetos de lei.
Fonte: Folha
de S.Paulo
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